O plantio da safra de soja 2024/25 em Mato Grosso foi liberado neste sábado, 7 de setembro, iniciando mais um ciclo de desafios para os produtores. Com o clima incerto, altos custos de produção e margens de rentabilidade apertadas, a recomendação é de cautela. De acordo com especialistas e lideranças do agronegócio, como Blairo Maggi e Gilson Pinesso, este será um ano para "ficar de stand by", sem grandes investimentos, à espera de um momento mais favorável.
Início Antecipado e Projeções de Safra
A semeadura da soja em Mato Grosso começa uma semana mais cedo este ano, devido a ajustes no calendário realizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O plantio pode ocorrer entre 7 de setembro de 2024 e 7 de janeiro de 2025. Segundo o último relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área destinada ao plantio será de 12,6 milhões de hectares, um aumento de 1,47% em relação à safra anterior. A produtividade média esperada é de 57,97 sacas por hectare, com uma produção final estimada em 44,041 milhões de toneladas.
Preocupações com o Clima e Rentabilidade
Apesar da antecipação do plantio, o cenário climático permanece incerto. Jerusa Rech, gerente de Defesa Agrícola da Aprosoja-MT, alertou para a ausência de chuvas significativas até o momento e a previsão de precipitações tardias e de baixo volume para os próximos meses. "Não há expectativa de chuvas expressivas nos próximos 15 dias, embora possa haver precipitações isoladas", disse Rech.
Blairo Maggi, produtor e ex-ministro da Agricultura, também enfatizou a imprevisibilidade do clima durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em Fortaleza. "O clima é algo que não controlamos, por isso é crucial que os produtores estejam preparados para iniciar o plantio assim que as chuvas ocorrerem, já que a janela de semeadura é curta", afirmou.
Ano de "Stand By" para Investimentos
Para Gilson Pinesso, produtor rural de Mato Grosso, a safra 2024/25 será um período de desafios, especialmente no que diz respeito à rentabilidade. Ele aconselha os produtores a adotarem uma postura de cautela, evitando grandes investimentos até que o mercado se recupere. "Estamos vindo de anos muito bons para a agricultura, mas é natural enfrentarmos um ciclo de baixa. Este será um ano para cuidar dos custos e focar na produtividade", declarou Pinesso.
Pinesso também mencionou que, caso as colheitas nos Estados Unidos, Argentina e Brasil sejam boas, os preços podem cair devido ao aumento da oferta. "Apesar disso, sou otimista. Vamos sobreviver a esse ciclo, como sempre acontece", acrescentou.
Foco em Eficiência e Produtividade
Com as margens apertadas e o aumento dos custos de insumos, a busca por maior eficiência e produtividade será essencial para os produtores. Marcelo Batistela, vice-presidente de Soluções para Agricultura da Basf Brasil, destacou que o setor está passando por um momento de ajustes, e que a tendência para os próximos anos é uma menor expansão de área, com maior foco na eficiência.
"A demanda por grãos e fibras ainda é crescente, embora não na mesma velocidade da produção. Isso vai levar a um equilíbrio entre oferta e demanda, com foco na verticalização e otimização das áreas já cultivadas", disse Batistela.
Com essas projeções, os produtores de soja em Mato Grosso devem enfrentar mais um ciclo desafiador, onde a prudência nos investimentos e o uso eficiente de tecnologias serão determinantes para garantir a sustentabilidade da produção.
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