Mato Grosso se tornou o estado brasileiro mais afetado por incêndios em 2024, com alarmantes 24,8 mil focos desde janeiro, conforme dados do Programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apenas em agosto, foram contabilizados mais de 13,6 mil focos, superando o total registrado de janeiro a julho.
De acordo com o Inpe, agosto deste ano apresentou o maior número de focos de incêndio para o mês nos últimos dez anos no estado. Esse cenário crítico é agravado por uma severa estiagem, que já é considerada a maior seca da história, segundo o Cemaden. Na capital, Cuiabá, não há chuvas há pelo menos 130 dias.
Na última sexta-feira (30/8), o governo de Mato Grosso declarou situação de emergência devido à seca e aos incêndios florestais que afetam diversas áreas, especialmente o Pantanal. A medida, que terá validade de 180 dias, considera as condições climáticas adversas, como altas temperaturas, baixa umidade e ventos intensos, que favorecem a propagação das chamas.
Além disso, agosto foi o quinto mês consecutivo em que Mato Grosso liderou a lista de estados com mais focos de incêndio, resultando na trágica perda de dois brigadistas nos dias 22 e 26 de agosto enquanto combatiam as chamas.
Devastação em Números
Somente em agosto, mais de 1,6 milhão de hectares foram devastados pelo fogo, segundo análise do Instituto Centro de Vida (ICV), com base em dados da NASA. No total, cerca de 3 milhões de hectares foram atingidos ao longo do ano.
Em todo o Brasil, mais de 123 mil focos de queimadas foram registrados nos 26 estados e no Distrito Federal até a última sexta-feira (30/8). A Amazônia foi o bioma mais afetado, com 61.011 focos, seguida pelo Cerrado e a Mata Atlântica.
Embora a Amazônia tenha sido a mais queimada, especialistas alertam que o Pantanal enfrenta a situação mais crítica, devido à dificuldade de combate aos incêndios que se espalham rapidamente, resultando em grandes áreas consumidas.
Incêndios em Chapada dos Guimarães
Recentemente, dois grandes incêndios atingiram a Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, um popular destino turístico. Aproximadamente 10 mil hectares foram consumidos, incluindo parte do Parque Nacional. O mirante do Morro São Jerônimo foi fechado para visitação em decorrência da situação.
O biólogo Gustavo Figueirôa, do Instituto S.O.S Pantanal, informou que mais de 550 mil hectares do Pantanal foram devastados apenas em Mato Grosso. Ele ressaltou que as queimadas comprometem gravemente a biodiversidade da região.
Causas e Consequências
A WWF Brasil aponta que o número de focos de incêndio na Amazônia é o maior desde 2004. Apesar da redução no desmatamento nos últimos anos, o uso do fogo para limpar áreas desmatadas continua a agravar a situação. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, a área desmatada na Amazônia foi de 9.064 km², uma queda de 21,8% em relação ao período anterior.
Dez estados com maior índice de incêndios em 2044. Fonte: BDQueimadas/Inpe
Desafios no Combate aos Incêndios
A seca severa no Pantanal e no Cerrado tem potencializado os incêndios, tornando até pequenas queimadas em propriedades particulares uma ameaça. A Terra Indígena Capoto Jarina, no Parque Nacional do Xingu, é uma das áreas mais afetadas, com apenas 42 brigadistas atuando em uma região de 635 mil hectares.
Enquanto isso, em Itiquira, no Cerrado, os moradores vivem com medo das queimadas, como o recente incêndio em um canavial que cobriu a região de fumaça. Os impactos negativos do fogo afetam não apenas os habitantes locais, mas também a fauna silvestre, que enfrenta a morte em meio à seca severa.
A situação continua a exigir atenção urgente das autoridades e da sociedade civil para mitigar os danos e proteger a biodiversidade e as comunidades afetadas.
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